Maria Quitéria, primeira soldada e heroína da Independência
Apesar de Dom Pedro I ter declarado a Independência do Brasil no dia 7 de setembro de 1822, tropas portuguesas seguiram ocupando e atacando terras brasileiras. Após muitas batalhas, os lusitanos foram expulsos definitivamente no dia 2 julho de 1823, data em que é celebrada a Independência da Bahia. Nesses embates em terras baianas, uma figura se destacou: a de Maria Quitéria de Jesus Medeiros.
Nascida em 27 de julho de 1792, em São José das Itapororocas,
atual município de Feira de Santana (Bahia), Maria Quitéria fugiu de casa,
disfarçou-se de homem e lutou contra os portugueses, numa época em que às
mulheres era esperado apenas obedecer ao pai ou ao marido e cuidar da
casa e dos filhos.
Sua coragem e as habilidades demonstradas nos campos de batalha
fizeram dela, não apenas a primeira mulher soldado do Exército brasileiro, mas
uma heroína da Independência da Bahia e do Brasil.
Morreu aos 61 anos, sem gozar do reconhecimento ou do prestígio da
francesa Joana D´Arc, por exemplo, a quem costuma ser comparada. Em 1996, por
decreto presidencial, recebeu o título de Patrona do Quadro Complementar de
Oficiais do Exército.
Quem foi Maria
Quitéria
Filha primogênita de Gonçalves Alves de Almeida e de Quitéria
Maria de Jesus, Maria Quitéria perdeu a mãe aos 10 anos, assumindo desde cedo a
casa e o cuidado de seus dois irmãos.
Não chegou a frequentar escolas. Naquela época, as jovens
sertanejas aprendiam apenas a cozinhar e cuidar da casa, sendo poucas as que sabiam
ler e escrever. Desde cedo, no entanto, a menina demonstrava aptidão para usar
armas de fogo e habilidade para a caça e para a montaria.
Em fevereiro de 1822, com o início de batalhas pela Independência
na Bahia, em resistência à dominação portuguesa, buscavam-se voluntários para
integrar as tropas brasileiras. Maria Quitéria, então, pediu autorização ao pai
para, disfarçada, lutar em defesa da Pátria. Ele negou prontamente, dizendo que
“mulheres fiam, tecem e bordam; não vão à guerra”.
A filha, porém, desobedeceu-lhe. Fugiu para a casa de uma irmã,
cortou o cabelo, vestiu as roupas do cunhado, José Cordeiro de Medeiros, e
apresentou-se ao Regimento de Artilharia como Soldado Medeiros.
Dias depois, foi descoberta pelo pai, que solicitou sua retirada
do batalhão. O comandante, no entanto, não quis perder a habilidosa combatente.
Aos 30 anos, Maria Quitéria tornava-se a primeira mulher a entrar em combate
pelo Brasil. Lutou e triunfou em diversas batalhas, conquistou o respeito dos
companheiros e influenciou outras mulheres, formando e liderando um grupo
feminino.
Reconhecimento e
homenagens
Em 2 de julho de 1823,
quando foi celebrada a expulsão definitiva dos portugueses, em data que marca
Independência da Bahia, Maria Quitéria marchou com o batalhão, sendo saudada e
homenageada pela população.
Depois, embarcou para o Rio de Janeiro, onde foi recebida por Dom
Pedro I e recebeu o título de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro, em
reconhecimento à bravura e à coragem com que lutara contra os inimigos da Pátria.
Atendendo a uma solicitação de Maria Quitéria, o imperador fez uma carta
pedindo que Gonçalo perdoasse a desobediência da filha.
Quando retornou a sua cidade natal, foi recebida com grande
alegria pela família e pelos amigos, que queriam ouvir sobre seus feitos e suas
histórias de batalhas. Casou-se com o antigo namorado, Gabriel Pereira de
Brito, com quem teve uma filha, Luísa Maria da Conceição.
Após o falecimento do pai e, depois, do marido, Maria Quitéria foi
viver em Salvador com a filha. Lá, morreu no anonimato, vítima de uma
inflamação no fígado, em 21 de agosto de 1853, aos 61 anos.
BANDEIRAS DO BRASIL
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