O
significado do dia 2 de julho para Bahia.

Nenhum Estado Brasileiro comemora a Independência do Brasil com tanto entusiasmo quanto a Bahia. As diferenças começam pelo calendário. O feriado de Sete de Setembro, marcado nas outras regiões por desfiles militares e escolares aos quais o povo raramente comparece é ignorado pela maioria dos baianos. A verdadeira festa acontece no dia 2 de julho, data da expulsão das tropas portuguesas de Salvador em 1823. E só perde em grandiosidade para o Carnaval.
Antes ainda do alvorecer, milhares de pessoas saem às ruas para participar dos festejos. O desfile começa às nove horas com hasteamento das bandeiras em frente ao panteão da independência, no bairro da Lapa, e segue pelas ladeiras estreitas da cidade em direção ao largo de Campo Grande, aonde só chega ao final da tarde. Em todo o percurso, os moradores enfeitam suas casas, estendem faixas sobre as ruas e reúnem os amigos para celebrar. As alegorias misturam elementos de festa cívica, Carnaval e sincretismo religioso.
Os baianos têm bons motivos para celebrar. Foram eles os brasileiros que mais lutaram e mais sofreram pela Independência. A guerra contra os portugueses na Bahia durou um ano e cinco meses, mobilizou mais de 16.000 pessoas só do lado brasileiro e custou centenas de vida. Foi também ali que o Brasil independente correu o mais sério risco de se fragmentar. Depois da expulsão das tropas do general Jorge de Avilez do Rio de Janeiro, em fevereiro de 1822, a metrópole portuguesa decidiu concentrar em Salvador todos os seus esforços militares. O objetivo era dividir o Brasil. As regiões Sul e Sudeste ficariam sob o controle do príncipe regente D. Pedro. O Norte e o Nordeste permaneceriam portugueses.
Em 1822, a Bahia era um ponto estratégico importante para a consolidação do nascente império brasileiro. Terceira província mais populosa, depois de Minas Gerais e Rio de Janeiro, tinha 765.000 habitantes, dos quais 524.000 eram escravos. Uma das cidades mais movimentadas do mundo, Salvador concentrava uma importante indústria naval, que até então produzira navios para diversas regiões do império colonial português. Era também um grande centro exportador de açúcar algodão, tabaco e outros produtos agrícolas. Sua principal atividade, no entanto, era o tráfico negreiro.

Nenhum Estado Brasileiro comemora a Independência do Brasil com tanto entusiasmo quanto a Bahia. As diferenças começam pelo calendário. O feriado de Sete de Setembro, marcado nas outras regiões por desfiles militares e escolares aos quais o povo raramente comparece é ignorado pela maioria dos baianos. A verdadeira festa acontece no dia 2 de julho, data da expulsão das tropas portuguesas de Salvador em 1823. E só perde em grandiosidade para o Carnaval.
Antes ainda do alvorecer, milhares de pessoas saem às ruas para participar dos festejos. O desfile começa às nove horas com hasteamento das bandeiras em frente ao panteão da independência, no bairro da Lapa, e segue pelas ladeiras estreitas da cidade em direção ao largo de Campo Grande, aonde só chega ao final da tarde. Em todo o percurso, os moradores enfeitam suas casas, estendem faixas sobre as ruas e reúnem os amigos para celebrar. As alegorias misturam elementos de festa cívica, Carnaval e sincretismo religioso.
Os baianos têm bons motivos para celebrar. Foram eles os brasileiros que mais lutaram e mais sofreram pela Independência. A guerra contra os portugueses na Bahia durou um ano e cinco meses, mobilizou mais de 16.000 pessoas só do lado brasileiro e custou centenas de vida. Foi também ali que o Brasil independente correu o mais sério risco de se fragmentar. Depois da expulsão das tropas do general Jorge de Avilez do Rio de Janeiro, em fevereiro de 1822, a metrópole portuguesa decidiu concentrar em Salvador todos os seus esforços militares. O objetivo era dividir o Brasil. As regiões Sul e Sudeste ficariam sob o controle do príncipe regente D. Pedro. O Norte e o Nordeste permaneceriam portugueses.
Em 1822, a Bahia era um ponto estratégico importante para a consolidação do nascente império brasileiro. Terceira província mais populosa, depois de Minas Gerais e Rio de Janeiro, tinha 765.000 habitantes, dos quais 524.000 eram escravos. Uma das cidades mais movimentadas do mundo, Salvador concentrava uma importante indústria naval, que até então produzira navios para diversas regiões do império colonial português. Era também um grande centro exportador de açúcar algodão, tabaco e outros produtos agrícolas. Sua principal atividade, no entanto, era o tráfico negreiro.
O Brasil do início do século XVIII ainda era
dominado por Portugal, enquanto o Rio de Janeiro, Pernambuco, Minas Gerais e a
Bahia continuavam lutando pela independência. As províncias não suportavam mais
a situação e, percebendo os privilégios que o Rio de Janeiro estava recebendo
por ser a capital, Pernambuco e Bahia resolveram se rebelar.
Recife deu início a uma revolução anti-colonial em
6 de março de 1817. Esta revolução tinha uma ligação com a Bahia, já que havia
grupos conspiradores compostos por militares, proprietários de engenhos,
trabalhadores liberais e comerciantes. Ao saber desta movimentação, o então
governador da Bahia, D. Marcos de Noronha e Brito advertiu alguns deles
pessoalmente.
O governo estava em cima dos conspiradores e,
devido à violenta série de assassinatos, muito baianos resolveram desistir. Com
toda esta repressão, a revolução de Recife acabou sendo derrotada. Os presos
pernambucanos foram trazidos para a Bahia, sendo muitos fuzilados no Campo da
Pólvora ou presos na prisão de Aljube, onde grandes personagens baianos também
estavam presos.
Movimentação pela independência:
Diante das insatisfações, começaram as guerras pela
independência. Os oficiais militares e civis baianos passaram a restringir a
Junta Provisória do Governo da Bahia, que ditava as ordens na época, e com esta
atitude foi formado um grupo conspirativo que realizou a manifestação de 3 de
Novembro de 1821.
Esta manifestação exigia o fim da Junta Provisória,
mas foi impedida pela "Legião Constitucional Lusitana", ordenada pelo
coronel Francisco de Paula e Oliveira. Os dias se passaram e os conflitos
continuavam intensos. Muitos brasileiros morreram em combate.
Força portuguesa:
Força portuguesa:
No dia 31 de Janeiro de 1822 a Junta Provisória foi
modificada. E depois de alguns dias, chegou de Portugal um decreto que nomeava
o brigadeiro português, Ignácio Luiz Madeira de Mello, o novo governador de
Armas.
Os oficias brasileiros não aceitavam esta imposição, pois este decreto teria que passar primeiro pela Câmara Municipal. Houve, então, forte resistência que envolveu muitos civis e militares.
Madeira de Mello não perdeu tempo e colocou as
tropas portuguesas em prontidão, declarando que iria tomar posse. No dia 19 de
fevereiro, os portugueses começaram a invadir quartéis, o forte São Pedro,
inclusive o convento da Lapa, onde haviam alguns soldados brasileiros. Neste
episódio, a abadessa Sónor Joana Angélica tentou impedir a entrada das tropas,
mas acabou sendo morta.
Concluída a ocupação militar portuguesa em Salvador, Madeira de Mello fortaleceu as ligações entre a Bahia e Portugal. Assim a cidade recebeu novas tropas portuguesas e muitas famílias baianas fugiram para as cidades do recôncavo.
Contra-ataque brasileiro:
No recôncavo, houve outras lutas para a
independência das cidades e o fortalecimento do exército brasileiro. O coronel
Joaquim Pires de Carvalho reuniu todo seu armamento e tropas e entregou o
comando ao general Pedro Labatut. Este, assim que assumiu, intimidou Madeira de
Mello.
Labatut organizou todo seu exército em duas
brigadas e iniciou uma série de providências. Aos poucos o exército brasileiro
veio conquistando novos territórios até chegar próximo a cidade de Salvador.
Madeira de Mello recebeu novas tropas de Portugal e
pretendia fechar o cerco pela ilha de Itaparica e Barra do Paraguaçu. Esta
atitude preocupava os brasileiros, mas os movimentos de defesa do território
cresciam. E foi na defesa da Barra do Paraguaçu que Maria Quitéria de Jesus
Medeiros se destacou, uma corajosa mulher que vestiu as fardas de soldado do
batalhão de "Voluntários do Príncipe" e lutou em defesa do Brasil. Nascida em Feira de Santana, filha de lavradores pobres, Maria Quitéria de Jesus tinha trinta anos quando a Bahia começou a pegar em armas contra os portugueses. Apesar da proibição de mulheres nos batalhões de voluntários, decidiu alistar-se às escondidas. Cortou os cabelos, amarrou os seios, vestiu-se de homem e incorporou-se às fileiras brasileiras com o nome de "Soldado Medeiros". Maria Quitéria participou de pelo menos tres combates e em todos se destacou pela bravura.
Em maio de 1823, Labatut, em uma demonstração de autoridade, ordenou prisões de
oficiais brasileiros, mesmo sendo avisado do erro que estava cometendo, e
acabou sendo cassado do comando e preso. O coronel José Joaquim de Lima e Silva
assumiu o comando geral do Exército e no dia 3 de Junho ordenou uma grande
ofensiva contra os portugueses. Com a força da Marinha Brasileira, o coronel
apertou o cerco contra a cidade de Salvador, que estava sob domínio português,
restringindo o abastecimento de materiais de primeira necessidade. Diante
destes fortes ataques e das necessidades que estavam passando, Madeira de Mello
enviou apelos e acabou se rendendo. Com a vitória, o Exército Brasileiro entrou
em Salvador consolidando a retomada da cidade e fim da ocupação portuguesa no
Brasil.