terça-feira, 26 de junho de 2012


O significado do dia 2 de julho para Bahia.




Nenhum Estado Brasileiro comemora a Independência do Brasil com tanto entusiasmo quanto a Bahia. As diferenças começam pelo calendário. O feriado de Sete de Setembro, marcado nas outras regiões por desfiles militares e escolares aos quais o povo raramente comparece é ignorado pela maioria dos baianos. A verdadeira festa acontece no dia 2 de julho, data da expulsão das tropas portuguesas de Salvador em 1823. E só perde em grandiosidade para o Carnaval.

Antes ainda do alvorecer, milhares de pessoas saem às ruas para participar dos festejos. O desfile começa às nove horas com hasteamento das bandeiras em frente ao panteão da independência, no bairro da Lapa, e segue pelas ladeiras estreitas da cidade em direção ao largo de Campo Grande, aonde só chega ao final da tarde. Em todo o percurso, os moradores enfeitam suas casas, estendem faixas sobre as ruas e reúnem os amigos para celebrar. As alegorias misturam elementos de festa cívica, Carnaval e sincretismo religioso. 

Os baianos têm bons motivos para celebrar. Foram eles os brasileiros que mais lutaram e mais sofreram pela Independência. A guerra contra os portugueses na Bahia durou um ano e cinco meses, mobilizou mais de 16.000 pessoas só do lado brasileiro e custou centenas de vida. Foi também ali que o Brasil independente correu o mais sério risco de se fragmentar. Depois da expulsão das tropas do general Jorge de Avilez do Rio de Janeiro, em fevereiro de 1822, a metrópole portuguesa decidiu concentrar em Salvador todos os seus esforços militares. O objetivo era dividir o Brasil. As regiões Sul e Sudeste ficariam sob o controle do príncipe regente D. Pedro. O Norte e o Nordeste permaneceriam portugueses. 

Em 1822, a Bahia era um ponto estratégico importante para a consolidação do nascente império brasileiro. Terceira província mais populosa, depois de Minas Gerais e Rio de Janeiro, tinha 765.000 habitantes, dos quais 524.000 eram escravos. Uma das cidades mais movimentadas do mundo, Salvador concentrava uma importante indústria naval, que até então produzira navios para diversas regiões do império colonial português. Era também um grande centro exportador de açúcar  algodão, tabaco e outros produtos agrícolas. Sua principal atividade, no entanto, era o tráfico negreiro.  



Para chegar a este dia, muita luta foi travada...

O Brasil do início do século XVIII ainda era dominado por Portugal, enquanto o Rio de Janeiro, Pernambuco, Minas Gerais e a Bahia continuavam lutando pela independência. As províncias não suportavam mais a situação e, percebendo os privilégios que o Rio de Janeiro estava recebendo por ser a capital, Pernambuco e Bahia resolveram se rebelar.

Recife deu início a uma revolução anti-colonial em 6 de março de 1817. Esta revolução tinha uma ligação com a Bahia, já que havia grupos conspiradores compostos por militares, proprietários de engenhos, trabalhadores liberais e comerciantes. Ao saber desta movimentação, o então governador da Bahia, D. Marcos de Noronha e Brito advertiu alguns deles pessoalmente.

O governo estava em cima dos conspiradores e, devido à violenta série de assassinatos, muito baianos resolveram desistir. Com toda esta repressão, a revolução de Recife acabou sendo derrotada. Os presos pernambucanos foram trazidos para a Bahia, sendo muitos fuzilados no Campo da Pólvora ou presos na prisão de Aljube, onde grandes personagens baianos também estavam presos.

Movimentação pela independência:

Diante das insatisfações, começaram as guerras pela independência. Os oficiais militares e civis baianos passaram a restringir a Junta Provisória do Governo da Bahia, que ditava as ordens na época, e com esta atitude foi formado um grupo conspirativo que realizou a manifestação de 3 de Novembro de 1821.

Esta manifestação exigia o fim da Junta Provisória, mas foi impedida pela "Legião Constitucional Lusitana", ordenada pelo coronel Francisco de Paula e Oliveira. Os dias se passaram e os conflitos continuavam intensos. Muitos brasileiros morreram em combate.

Força portuguesa:

No dia 31 de Janeiro de 1822 a Junta Provisória foi modificada. E depois de alguns dias, chegou de Portugal um decreto que nomeava o brigadeiro português, Ignácio Luiz Madeira de Mello, o novo governador de Armas. 

Os oficias brasileiros não aceitavam esta imposição, pois este decreto teria que passar primeiro pela Câmara Municipal. Houve, então, forte resistência que envolveu muitos civis e militares.

Madeira de Mello não perdeu tempo e colocou as tropas portuguesas em prontidão, declarando que iria tomar posse. No dia 19 de fevereiro, os portugueses começaram a invadir quartéis, o forte São Pedro, inclusive o convento da Lapa, onde haviam alguns soldados brasileiros. Neste episódio, a abadessa Sónor Joana Angélica tentou impedir a entrada das tropas, mas acabou sendo morta.

Concluída a ocupação militar portuguesa em Salvador, Madeira de Mello fortaleceu as ligações entre a Bahia e Portugal. Assim a cidade recebeu novas tropas portuguesas e muitas famílias baianas fugiram para as cidades do recôncavo. 

Contra-ataque brasileiro:
No recôncavo, houve outras lutas para a independência das cidades e o fortalecimento do exército brasileiro. O coronel Joaquim Pires de Carvalho reuniu todo seu armamento e tropas e entregou o comando ao general Pedro Labatut. Este, assim que assumiu, intimidou Madeira de Mello.

Labatut organizou todo seu exército em duas brigadas e iniciou uma série de providências. Aos poucos o exército brasileiro veio conquistando novos territórios até chegar próximo a cidade de Salvador.

Madeira de Mello recebeu novas tropas de Portugal e pretendia fechar o cerco pela ilha de Itaparica e Barra do Paraguaçu. Esta atitude preocupava os brasileiros, mas os movimentos de defesa do território cresciam. E foi na defesa da Barra do Paraguaçu que Maria Quitéria de Jesus Medeiros se destacou, uma corajosa mulher que vestiu as fardas de soldado do batalhão de "Voluntários do Príncipe" e lutou em defesa do Brasil. Nascida em Feira de Santana, filha de lavradores pobres, Maria Quitéria de Jesus tinha trinta anos quando a Bahia começou a pegar em armas contra os portugueses. Apesar da proibição de mulheres nos batalhões de voluntários, decidiu alistar-se às escondidas. Cortou os cabelos, amarrou os seios, vestiu-se de homem e incorporou-se às fileiras brasileiras com o nome de "Soldado Medeiros". Maria Quitéria participou de pelo menos tres combates e em todos se destacou pela bravura. 



Em maio de 1823, Labatut, em uma demonstração de autoridade, ordenou prisões de oficiais brasileiros, mesmo sendo avisado do erro que estava cometendo, e acabou sendo cassado do comando e preso. O coronel José Joaquim de Lima e Silva assumiu o comando geral do Exército e no dia 3 de Junho ordenou uma grande ofensiva contra os portugueses. Com a força da Marinha Brasileira, o coronel apertou o cerco contra a cidade de Salvador, que estava sob domínio português, restringindo o abastecimento de materiais de primeira necessidade. Diante destes fortes ataques e das necessidades que estavam passando, Madeira de Mello enviou apelos e acabou se rendendo. Com a vitória, o Exército Brasileiro entrou em Salvador consolidando a retomada da cidade e fim da ocupação portuguesa no Brasil.

segunda-feira, 18 de junho de 2012


A Batalha de Tours (732): Se não fosse por Carlos Martelo, todos nós poderíamos estar falando árabe e nos ajoelhando na direção de Meca cinco vezes ao dia. Na região de Tours, Carlos Martelo e seu exército franco reverteram o imenso poderio dos exércitos islâmicos que varriam o norte da África e já invadiam a Europa. A Batalha de Tours foi importantíssima para a civilização ocidental.

A ascensão do islã é um dos mais incríveis movimentos da história. Em 622, os seguidores de Maomé [seu nome completo é Abulqasin Muhamed ibn Abn al-Muttalib ibn Ha-shin] eram apenas um bando de visionários perseguidos que se reuniam em Meca. Cem de anos depois, eles controlavam não apenas a Arábia, mas todo o norte da África, a Palestina, a Pérsia, a Espanha, partes da índia e ameaçavam a França e Constantinopla.
Como conseguiram isso? Conversão, diplomacia e uma força-tarefa altamente dedicada. Ε preciso dizer também que o decadente Império Romano deixou o território pronto para a colheita.
A religião de Maomé se desenvolveu em Meca, uma das duas maiores cidades árabes. Essa religião era fortemente monoteísta e legalista, mas bastante simples. Maomé afirmava ter recebido seu sistema diretamente de Deus (Alá) e dizia que Alá o designara para ser seu profeta. Os cidadãos de Meca se opunham aos novos ensinamentos de Maomé e tornaram a vida de seus seguidores bastante difícil. Desse modo, em 622, o profeta reuniu seu grupo e todos partiram para Medina (a outra grande cidade da Arábia). Essa viagem (denominada de hégira) marca o início do calendário muçulmano e o começo de sua incrível expansão.
Naquela época, a Arábia era um conjunto bastante diversificado de tribos nômades que guerreavam sempre umas contra as outras. O islã trouxe união, não apenas na religião, mas também na lei, na economia e na política. Quando Maomé morreu (632), houve diversas lutas internas entre seus possíveis sucessores. Mesmo assim, a fé se expandiu.
Em 636, os muçulmanos controlavam a Síria e a Palestina. Eles tomaram Alexandria em 642 e a Mesopotamia em 646. Cartago caiu em 697, e os muçulmanos varreram o norte da África, ganhando territórios que permanecem em mãos muçulmanas até o dia de hoje. Em 711, cruzaram o estreito de Gibraltar e entraram na Espanha. Solidificaram rapidamente o controle da península Ibérica e atravessaram os Pireneus. Nesse meio tempo, os muçulmanos entraram na área do Punjabe, na India, e batiam às portas de Constantinopla.

Constantinopla era a capital do Império Bizantino, tudo que restou do outrora imponente Império Romano. Séculos antes, o Império Romano fora dividido entre o Oriente e Ocidente, e o Império do Ocidente caiu rapidamente diante das várias tribos germânicas — vândalos, ostrogodos e francos. O único poder que Roma possuía agora estava na igreja, e esse poder crescia. Por meio de missionários, como Agostinho na Inglaterra e Bonifácio na Alemanha, Roma ganhava a fidelidade espiritual em seus antigos territórios políticos.
A ameaça muçulmana combinava religião e poder político. O islã não apenas derrotou as autoridades políticas, mas conseguiu que as pessoas se convertessem e ofereceu a elas (ou forçou-as a receber) um novo sistema religioso.
Carlos Martelo era o líder dos francos, uma das tribos germânicas que atacaram o Império Ocidental. Os francos já tinham invadido a Gália em 355 e se converteram oficialmente ao cristianismo romano no reinado de Clóvis I (481 -511). Como os governadores francos anteriores, Carlos procurou usar a igreja para em seu benefício. Ele estava bastante feliz em apoiar os missionários romanos entre as outras tribos germânicas, pois isso poderia fazer avançar o poder franco na Alemanha. Contudo, também foi rápido em corromper a igreja franca para que pudesse se beneficiar dela. Embora possa ter salvo a igreja romana da ruína em Tours, ele sem dúvida lutou para proteger o território dos francos.
O general muçulmano Abd-ar-Rahman liderou suas tropas rumo ao norte, bem no meio do território franco. Carlos Martelo se encontrou com elas entre Tours e Poitiers e fez com que recuassem. Em uma série de acirradas batalhas, os francos empurraram os muçulmanos de volta para a Espanha, contendo seu avanço na Europa.
Ε certo que a bem-sucedida defesa de Constantinopla em 718 foi igualmente importante na contenção do avanço islâmico. Porém, para aqueles que têm sua origem na Europa Ocidental, a Batalha de Tours foi crucial. Se os muçulmanos fossem vitoriosos, poderiam ter caído mais tarde, pois conquistariam mais territórios do que seriam capazes. Quase tão incrível quanto sua rápida expansão, porém, é a maneira como os muçulmanos dominaram o território que haviam subjugado. Mesmo depois de mais de 1 200 anos, eles se mantêm como força poderosa no mundo, e os territórios que controlam permanecem resistentes ao testemunho cristão.



 OS RESULTADOS HUMANOS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

 O debate a respeito dos resultados humanos da Revolução Industrial ainda não se libertou inteiramente dessa atitude. Nossa tendência ainda é perguntar: ela deixou as pessoas em melhor ou em situação? E até que ponto? Para sermos mais precisos, interrogamo-nos qual foi o volume de poder aquisitivo, ou bens, serviços e assim por diante, que o dinheiro pode comprar, que ela proporcionou, a que quantidade de indivíduos, supondo-se que uma dona-de-casa possuidora de uma máquina de lavar roupa esteja em melhor situação do que outra, destituída desse eletrodoméstico (o que é razoável), mas também supondo (a) que a felicidade individual consiste numa acumulação de coisas tais como bens de consumo e (b) que a felicidade social consiste na maior acumulação possível de tais coisas pelo maior número possível de indivíduos (o que não é verdade). Tais questões são importantes, mas também conduzem a equívocos. Saber se a Revolução Industrial deu à maioria dos britânicos mais ou melhor alimentação, vestuário e habitação, em termos absolutos ou relativos, interessa, naturalmente, a todo historiador. Entretanto, ele terá deixado de apreender o que a Revolução Industrial teve de essencial, se esquecer que ela não representou um simples processo de adição e subtração, mas sim uma mudança social fundamental. Ela transformou a vida dos homens a ponto de torná-las irreconhecíveis. Ou, para sermos mais exatos, em suas fases iniciais ela destruiu seus antigos estilos de vida, deixando-os livres para descobrir ou criar outros novos, se soubessem ou pudessem. Contudo, raramente ela lhes indicou como fazê-lo.

Existe, na verdade, uma relação entre a Revolução Industrial como provedora de conforto e como transformadora social. As classes cujas vidas sofreram menor transformação foram também, normalmente, aquelas que se beneficiaram de maneira mais óbvia em termos materiais (e vice-versa). Ninguém é mais complacente que um homem rico ou coroado de êxito e que também se sente à vontade num mundo que parece ter sido construído com vista a pessoas exatamente como ele.

Assim, salvo para melhor, a aristocracia e os proprietários da terra britânicos foram pouquíssimo afetados pela industrialização. Suas rendas inflaram com a procura de produtos agrícolas, com a expansão das cidades (em solos de sua propriedade) e com o desenvolvimento de minas, forjas e estradas de ferro (situadas em suas propriedades ou que passavam por elas). E mesmo quando os tempos eram ruins para a agricultura — como aconteceu entre 1815 e a década de 1830 — era improvável que empobrecessem. Sua predominância social permaneceu intacta, seu poder político continuou inalterado no campo, e mesmo no conjunto do país não se abalou muito, ainda que a partir da década de 1830 fossem obrigados a levar em conta as suscetibilidades de uma poderosa e militante classe média de empresários provincianos. E bem possível que, a partir de então, nuvens começassem a toldar o céu azul da vida aristocrática, mas ainda assim, pareciam maiores e mais carregadas do que realmente eram porque os primeiros cinquenta anos da industrialização haviam sido anos fantasticamente áureos para os proprietários de terras e títulos nobiliárquicos. 

Igualmente plácida e próspera era a vida dos numerosos parasitas da sociedade aristocrática rural, tanto a alta como a baixa — aquele mundo de funcionários e fornecedores da nobreza e dos proprietários de terras, e as profissões tradicionais, entorpecidas, corruptas e, à medida que se processava a Revolução Industrial, cada vez mais reacionárias. A Igreja e as universidades inglesas pachoreavam, acomodadas em suas rendas, privilégios e abusos, protegidas por suas relações com a nobreza, enquanto viam sua corrupção ser atacada com maior dureza na teoria do que na prática. Os advogados, e aquilo que passava por ser um funcionalismo público, eram incorrigíveis. (...) 

A classe média vitoriosa e os que aspiravam a essa condição estavam contentes. O mesmo não acontecia aos pobres, aos trabalhadores (que, pela própria essência, constituíam a maioria), cujo mundo e cujo estilo de vida tradicionais tinham sido destruídos pela Revolução Industrial, sem que fossem substituídos automaticamente por qualquer outra coisa. E essa desagregação que forma o cerne da questão dos efeitos sociais da industrialização.

Numa sociedade industrial, a mão-de-obra é em muitos aspectos diferente da que existe na sociedade pré-industrial. Em primeiro lugar, é formada em maioria absoluta por ''proletários", que não possuem qualquer fonte de renda digna de menção além do salário em dinheiro que recebem por seu trabalho. (...)

Em segundo lugar, o trabalho industrial — e principalmente o trabalho numa fábrica mecanizada - impõe uma regularidade, uma rotina e uma monotonia totalmente diferente dos ritmos pré-industriais de trabalho, — que dependem da variação das estações e do tempo, da multiplicidade de tarefas em ocupações não afetadas pela divisão racional do trabalho, pelos caprichos de outros seres humanos ou de animais, e até mesmo pelo desejo de se divertir em vez de trabalhar. (...)

Em terceiro lugar, na era industrial o trabalho passou a ser realizado cada vez mais no ambiente sem precedentes da grande cidade; e isso a despeito do fato de a mais antiquada das revoluções industriais efetuar grande parte de suas atividades em vilas industrializadas de mineiros, tecelões, fabricantes de pregos e correntes e outros trabalhadores especializados.

domingo, 17 de junho de 2012

HISTORIOGRAFIAS.


Historiografias: nosso desafio.



Este blog é de pertinência dos alunos do Colégio Municipal Vera Cruz, situada em Posto da Mata - Município de Nova Viçosa. Estaremos inserido textos de sala de aula e textos de alunos sobre os diversos conteudos das sextas, sétimas e oitavas. Esperamos que esse blog, possa acrescentar um pouco mais sobre a história dos homens.

Que tipo de história é ensinada nas aulas do professor João Vicente em Posto da Mata? Não é uma historiografia positivista, ou seja, de personagens (lembro-me das minhas aulas de história no Colégio Vila Lobos em Pirangi que o professor somente falava sobre os personagens, isto é, Pedro Alvares Cabral, Duque de Caxias, etc) . Muito menos é uma historiografia marxista que usa como metodologia os meios de produção, esquecendo os sujeitos da história. 

Talvez seja uma história não deixando de pensar nessas duas vertentes, mas angulando  naquilo que chamamos de Escola de Anales. Essa escola procura entender os desentendidos, ou marginalizados. Estudamos todos os personagens da história e todos são sujeitos: ricos e pobres, alfabetizados e analfabetos. Estudamos os fazendeiros de engenho e não deixamos de estudar os negros que viviam como escravos nas fazendas. Estudamos os reis medievais mas não postergamos em discorrer sobre os camponeses que viviam ao redor dos castelos medievais. Estudamos a inconfidencia Mineira e não deixamos de estudar a incofidencia baiana, que foi um movimento de negros e gente simples de Salvador.

 E procurando sempre contestar certos mitos historiográficos  por exemplo: Será que Pedro Alvares Cabral foi o primeiro europeu a chegar no Brasil? Ou: Tiradentes estava realmente interessado com a libertação do Brasil de Portugal ou ele queria se livrar das dividas pessoais com Portugal? Confrontamos historiadores-sociólogos, como Gilberto Freire que escreveu "Casa Grande e Senzala", asseverando que o relacionamento entre o branco e o negro era amistoso e que o negro era bem tratado pelo Senhor da senzala! E nos afinamos mais com o conceito de que o negro era tratado não como gente e sim como coisa!

Colocando esses termos podemos inferir aquela famosa estória indiana sobre os tres cegos: Conta a lenda que na Índia três cegos, sem conhecerem um elefante, tocaram, cada  um, uma parte do animal.  Do que eles pensaram se tratar? O primeiro cego tocou na tromba e disse: É uma cobra! O segundo, nas pernas grossas e disse: é uma arvore! E o terceiro na cauda e disse: é uma corda! Ou seja,  as pessoas não reconhecem a verdade,pois só conseguem perceber uma parte dela e pensam que é o todo. Assim é o ensino da história, parcial. Por isso que chamamos de historiografias, uma visão que procura abarcar todos os segmentos possíveis e tirar uma conclusões plausíveis. 

    No meu tempo de Universidade em Ribeirão Preto, lembro da frase do francês Fernando Brauder, autor de  um belíssimo livro, "O mediterrâneo" escreveu que " A história é como um rio. As águas passageiras representam a historia de indivíduos; as águas do meio do rio, os costumes; e ás águas do fundo, estuda um tempo maior”.

 “Historia” é uma palavra com dois significados. Falamos em história quando queremos nos referir a qualquer fato ocorrido no passado, como quando dizemos: “A Independência do Brasil aconteceu em 1822”. Ou seja,  história é um conjunto  do passado, de tudo o que passou ou aconteceu. Também falamos em história quando queremos nos referir ao trabalho do historiador, como quando dizemos: “outro dia li um livro sobre a história do Brasil”. Ou seja, nesse sentido história é a interpretação do historiador sobre o passado (Exemplo o quadro de Pedro Américo).

         Para concluir tenho um pequeno livro de algumas páginas, produto da conclusão da faculdade de história. Neste livro procurar entender a “história” da Assembleia de Deus. O meu intuito não era somente pelo fato de pertencer a essa denominação mas estudar com mais profundidade as bases historiográficas. Portanto, procurei os livros oficiais, como: Abraão de Almeida, Emilio Conde, Joanir de Oliveira e os livros dos missionários, Daniel Berg e Gunnar Vingreen. Procurei também outras fontes historiográficas que se contrapunham a historiografia oficial. Desta miscigenação nasceu um livro que chamaria “uma história da Assembleia de Deus”.

         Posso dizer, para concluir, que sou professor de história e também historiador dentro da minha área de pesquisa.