terça-feira, 3 de setembro de 2013

A Independência do Brasil – 7 de setembro!



Perto das 16h30 de 7 de setembro de 1822, um rapaz de 23 anos alcançava o alto de uma colina ao lado do riacho Ipiranga, nos arredores da vila de São Paulo, seguido de alguns acompanhantes. Era o príncipe regente dom Pedro, montado numa mula, coberto de poeira e com as botas sujas de lama. A viagem fora mais uma vez interrompida pela diarréia incomoda que o perseguia desde a partida de Santos, antes do amanhecer. O soldado Francisco de Castro Canto e Melo, que vinha de São Paulo  com noticias dramáticas, alcançou a comitiva, prestes a retomar o curso. Antes que ele desse seu recado,  porém, chegaram a galope dois mensageiros  do Rio de Janeiro. Traziam cartas de José Bonifácio de Andrada e Silva, da princesa Leopoldina.

O sucessor do trono português não podia esperar novidade pior. Os deputados portugueses haviam cassado sua regência sobre o Brasil e anulava todas as suas decisões. Um membro da comitiva, o padre Belchior Pinheiro de Oliveira, relataria quatro anos depois o que viu naquela tarde: “Dom Pedro, tremendo de raiva, arrancou das minhas mãos os papéis e, amarrotando-os, pisou-os e os deixou na relva. Caminhou alguns passos, silenciosamente. De repente, estancou já no meio da estrada, dizendo-me: as cortes me perseguem, chamam-me de rapazinho, de brasileiro. Pois verão agora quanto vale o rapazinho. De hoje em diante estão quebradas as nossas relações. Nada mais quero com o governo de Portugal e proclamo o Brasil, para sempre, separado de Portugal”. Minutos depois, diante da guarda de honra que o esperava mais à frente, desembainhou a espada para determinar: “Será nossa divisa de ora em diante: Independência ou Morte!”.

Poucos meses depois, nas principais cidades do novo país, muitos homens começaram a mudar alguns de seus hábitos. O deputado baiano Cipriano Barata, por exemplo, passou a se vestir exclusivamente de algodão brasileiro e a usar chapéus feitos de palha de carnaúba – no que foi rapidamente imitado. Os nacionalistas mais empolgados penteavam o cabelo de forma a deixar uma risca definida no meio da cabeça. Era a chamada “estrada da liberdade”, uma forma de simbolizar os caminhos abertos pela independência.  Muitas famílias trocaram seus sobrenomes de batismo por expressões indígenas. Um ramo da família Galvão, de Pernambuco, passaria a se chamar Carapeba. O jornalista, advogado e político negro Francisco Gomes Brandão, um dos fundadores da Ordem dos Advogados do Brasil, adotou o nome de Francisco  Gê Acaiaba de Montezuma.

O cenário que Dom Pedro encontrou às vésperas do Grito de Ipiranga, escreve Laurentino Gomes em 1822, indicava que o país de 4,5 milhões de habitantes “tinha tudo para dar errado: de cada três brasileiros, dois eram escravos, negros libertos, mulatos, índios ou mestiços. Era uma população pobre e carente de tudo. O medo de uma rebelião escrava pairava como um pesadelo sobre a minoria branca. Os analfabetos somavam mais de 90% dos habitantes.

A adesão ao comando do Imperador, porém, não foi automática em todas as regiões. Rachas em algumas províncias somavam-se à luta com os portugueses. Somente Rio, São Paulo e Minas Gerais aceitaram de pronto as ordens de Dom Pedro. Esse processo foi lento sobretudo no Norte, no Nordeste e no sul. A guerra da Independência, iniciada em fevereiro de 1822, durou 21 meses e matou de  2 a 3 mil pessoas. Em 1825, o governo brasileiro seqüestrou os bens de portugueses que ainda contestavam a independência no Rio, na Bahia, em Pernambuco e no Grão-Pará. E os intimidou a deixar o país.  



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