segunda-feira, 1 de julho de 2024

 02 de julho – independência da Bahia. 

Todos temos ciência de que a independência do Brasil aconteceu em 07 de Setembro de 1822, quando Dom Pedro I deu o famoso grito retumbante: “Independência ou morte” às margens do rio Ipiranga, em São Paulo. Mas, se eu lhe disser que os portugueses resistiram e montaram seu quartel general na Bahia e em todo nordeste e norte do Brasil? Vamos entender essa história, usaremos as datas mais importantes para a compreensão dessa história. 

Janeiro de 1822 a província da Bahia era governada por uma junta totalmente submissa à Portugal. Então, o primeiro barril de pólvora estourou quando o rei de Portugal enviou uma ordem para tirar o brasileiro Manuel de Freitas e colocaram em seu lugar o português o general Madeira de Melo, como chefe da militar da província. No entanto, os militares baianos resistiram essa ordem de Portugal.

Então, Madeira de Melo, resolveu tomar o poder militar à força. No dia 19 de fevereiro de 1822, o general colocou seu exército português para atacar o Forte de São Pedro e o quartel da Mouraria em Salvador, onde os militares brasileiros estavam rebelados. Os soldados portugueses promoveram saques, tumultos e quebra-quebras nas ruas de Salvador. Em quatro dias de combate morreram mais de 200 pessoas.

Mas, uma dessas mortes marcou para sempre o conflito. Nas proximidades do quartel da Mouraria existe o convento da Lapa, local de isolamento religioso frequentado apenas pelas freiras internas. Os soldados portugueses quiseram entrar no convento sob o pretexto de que havia soldados brasileiros escondidos lá dentro. A madre superiora do convento, Joana Angélica de Jesus, ordenou às irmãs que fugisse pelos fundos e, corajosamente se colocou na porta principal do convento impedindo a entrada dos soldados portugueses. E a madre teria dito: “Para trás, bandidos. Respeitem a casa de Deus. Recuai, só penetrareis nesta casa passando por sob o meu cadáver”.  Mas, os soldados portugueses feriram a irmã Joana mortalmente com golpes de baioneta. Assim surgiu a primeira heroína da história da Bahia, Joana Angélica. 

Em 25 de junho de 1822, na cidade de Cachoeira (BA), as pessoas estavam na praça para comemorar a resistência diante do exercito de Madeira de Melo. Quando de repente, um navio de guerra português, deu um tirou de canhão atingindo uma casa e matou um soldado brasileiro chamado Soledade, que tocava tambor no meio da multidão. Ao mesmo tempo alguns portugueses atiravam pelas janelas de suas casas nos brasileiros que passavam pela ruas. O navio de guerra disparou muitos tirou sobre as casas dos brasileiros, matando muitas pessoas.

O que os baianos fizeram? Pegaram um velho canhão, que era exibido como relíquia na praça da cidade, além de pequenos barcos de pescadores que se aproximava do navio de guerra português e atiravam contra ela. Sem comida e sem munição, o capitão português e seus 26 marinheiros finalmente se renderam. Foi uma vitória retumbante do povo baiano!

Apesar da vitória, a situação dos soldados brasileiros era precária. Eles estavam descalços, famintos e cheios de doenças. Faltavam médicos e hospitais e as armas eram fabricadas de forma improvisada. Então, para organizar o exercito brasileiro, Dom Pedro 1, contratou o general francês Labatut para comandar as tropas brasileiras, que eram formadas por soldados regulares e voluntários, brancos e pobres, índios tupinambás, homens negros libertos e escravizados enviados por seus senhores. O general Labatut, em carta enviada a Dom Pedro I afirmou que nenhum filho rico proprietário de terras se apresentou ao exército como voluntário.

Em 08 de novembro de 1822, cercados por terra e mar e sem provisão de suprimentos, o general português Madeira de Melo decide atacar o grupamento do exército brasileiro na famosa batalha de Pirajá. O confronto durou o dia inteiro e envolveu mais de 10 mil soldados, entre brasileiros e portugueses. Entre os combatentes estava a baiana Maria Quitéria. Para fazer parte do exercito brasileiro cortou seu cabelo, amarrou os seios, colocou roupas masculinas e se juntou às forças brasileiras como soldado Medeiros. Dessa forma Quitéria lutou em diversos atos de bravura na guerra. Nascia mais uma heroína na guerra pela independência da Bahia. 

Na batalha do Pirajá deu origem a um mito. Em certo momento os brasileiros estavam em grande desvantagem, já com muitas baixas e correndo o risco de serem massacrados pelos soldados portugueses. Acreditando que a batalha estava perdida, um major ordenou ao soldado Luis Lopes que desse o toque de recuar em sua corneta. Por engano, o corneteiro fez exatamente o contrário, invertendo o toque para avançar e deu a ordem: “Cavalaria, avançar e degolar”. O exercito brasileiro não tinha, naquele momento, nenhuma cavalaria para entrar em ação, porém o toque da corneta assustou os soldados portugueses, que teriam fugido desordenadamente, dando vitória às tropas brasileiras. 

02 de julho de 1823, o general português Madeira de Melo, estava cada vez mais isolado em Salvador e nem mesmo a vinda de 1300 soldados portugueses era suficiente para reverter essa situação. O exercito português sitiado em Salvador passou a sentir os efeitos da fome e cansaço, já que todos os acessos de suprimentos à cidade estavam bloqueados. Portanto, sentindo-se derrotado, junto com o seu exercito e seus navios, deixou Salvador na madrugada de 02 de julho de 1823.

A cidade amanheceu deserta, a chuva parou e o sol brilhou. Aos poucos o povo sofrido, depois de mais um ano em guerra saiu de suas casas e foram pra rua. Os soldados brasileiros descalços e maltrapilhos com suas fardas rasgadas entravam na cidade e eram saudados pelo povo como um verdadeiro desfile.