Estrada de ferro “Bahia Minas”
Olá,
meus caros alunos, hoje, vamos falar de um assunto que tem tudo a ver com a
nossa região, que é estrada de ferro “Bahia Minas”. Nesse tempo, época que tínhamos
um imperador (Dom Pedro 2), Bahia ainda se escrevia sem o “h”. Foi nesse tempo
imperial que começou a circular os trens em direção ao porto de Caravelas,
ponta de areia BA.
Então, como começou? Esse projeto político era do mineiro Teófilo Otoni (1807 – 1869). Somente depois de 11 anos de sua morte o governo mineiro concedeu a empreitada da construção da ferrovia ao engenheiro civil Miguel de Teive e Argolo (hoje o povoado de Argolo homenageia o engenheiro). E no dia 16 de maio de 1881, com grande festa, foi fixado o primeiro trilho da estrada de ferro, era o KM 0 da ferrovia.
O KM 0 encontra-se em Caravelas, em Ponta de Areia. Depois, passa por Helvécia, Posto da Mata (Km 103). Em 1882, a ferrovia chega em Serra dos Aimorés. Somente em 1898 chegou à cidade mineira de Teófilo Otoni. Que dia, meus caros alunos! Os sinos da igreja badalaram, a multidão foi para rua, e ouvia-se estouros de morteiros e de bombas cabeça-de-negro “cobriu de fumaça o céu azul”. E seu ponto final e definitivo, foi em Araçuaí, em 1942. No total, de Ponta de Areia, Caravelas BA, até Araçuaí MG, foram quase 580 km de ferrovia.
A estrada de ferro “Bahia Minas” estava todo vapor para transportar madeira, café, desenvolver o comércio local de cada ponto onde passava o trem, tornar rápida as viagens e acelerar o desenvolvimento de cada localidade. Era corriqueiro na vida dos mineiros e baianos ouvir o som da “Maria Fumaça” passando pelas suas cidades, trazendo e levando mercadorias e pessoas. Em Posto da Mata, temos até os dias de hoje, o posto onde parava o trem; em Aimorezinho (Ibiranhém), em Helvécia, enfim, temos vestígios de uma época cheia de vida e de esperança.
Portanto,
esses quase 600 km de ferrovia tinham como objetivo a ligação da região do vale
do Jequitinhonha (uma região sofrida, com pouca chuva), até o litoral da Bahia
para expandir o comércio de transporte de cargas, madeiras, café, serviços,
como telégrafos (uma espécie de telefone/fax), transportes de pessoas e
atividades sociais comunicativas. Chegando em Ponta de Areia, Caravelas, todas
as mercadorias e pessoas embarcavam em navios em direção aos grandes portos do
Brasil.
Contudo,
como a gente sabe o velho ditado “tudo que é bom, duro pouco”. Depois de quase
mais de oito décadas, a ferrovia deixou de funcionar em 1966. Deixando imensa
saudade na população dos vales do Jequitinhonha e Mucuri. Hoje, vemos estações
abandonadas, dormentes, algumas viraram Correios ou Policia Militar... estradas
vicinais e eucaliptos, uma pagina da história descarrilou.
Bem,
de lá para os dias de hoje, a ferrovia “Bahia Minas” foi cantada em prosa e
rendeu livros – o mais famoso lamento está contido na musica “Ponta de Areia”,
composta por Fernando Brant e Milton Nascimento, vejamos a letra da canção:
Ponta de areia
Ponto final
Da Bahia-Minas
Estrada natural
Que ligava Minas
Ao porto, ao mar
Caminho de ferro
Mandaram arrancar
Velho maquinista
Com seu boné
Lembra o povo alegre
Que vinha cortejar
Maria-fumaça
Não canta mais
Para a moça, as flores
Janelas e quintais
Na praça vazia
Um grito, um ai
Casas esquecidas
Viúvas nos portais
Maria-fumaça
Não canta mais
Para a moça, as flores
Janelas e quintais
Na praça vazia
Um grito, um ai
Casas esquecidas
Viúvas nos portais
E, agora, o que poderia acontecer com a
nossa região? O apego á ferrovia além de econômico era também emocional. Uma simbiose,
um cordão umbilical de quase oitenta anos, aliás, muita gente abandonou a
cidade, acreditando que a região estaria acabada. . No entanto, depois da desativação
da ferrovia, o que parecia o fim, foi apenas o começo de uma nova era. A
rodovia que havia sido prometida se concretizou e o lugar virou ponto de parada
de vários caminhoneiros, ônibus, turistas, etc.
No idos dos anos 80 (1980) e inicio dos anos 90, o plantio de mamão empregou desde o mais velho ao menino na região, fortalecendo e dinamizando, trazendo uma prosperidade econômica significativa. Aqui, temos uma terra boa, uma terra que, conforme Pero Vaz de Caminha, em uma carta em 01 de maio de 1500, endereçada ao Rei de Portugal, estando no extremo sul da Bahia, escreveu: “em se plantando tudo dá”. Portanto, na opinião dos moradores mais antigos, fora o plantio de mamão que proporcionou a melhor época de vista econômico para a região.
Alguns fatos
importantes de Posto da Mata:
Desativação da Ferrovia Bahia Minas no
final dos anos 70.
A criação da primeira escola de Posto
da Mata: Colégio Municipal Vera Cruz em 1963.
Chegada da Aracruz Celulose à região
Fornecimento de energia pela Coelba em
1978
A fundação do banco do Brasil em 1991